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Pensar Criticamente o Conteúdo da Comunicação Social
Introdução
Somos diariamente bombardeados com informação através de fontes online, televisão, rádio, jornais e redes sociais. Como é que podemos saber se o que lemos é fidedigno ou não?

É fácil ser induzido a acreditar em algo se essa coisa for repetida vezes suficientes, se for impressa ou se vier de alguém que respeitamos ou admiramos. Isto pode não ser um problema em algumas circunstâncias, mas para tomarmos decisões informadas, ou acedermos a informação sobre questões que nos são importantes, é da máxima importância que as fontes que usamos sejam fidedignas.

Para pesquisar qualquer tópico, a internet transformou-se no principal meio de busca. O termo ‘google’ entrou no dicionário enquanto verbo, que significa ‘procurar por alguma coisa na internet usando o motor de busca Google’.
 
Existem outros tantos motores de busca que nos unem a um número aparentemente ilimitado de informação. Mas como podemos determinar o que é uma fonte credível de informação, especialmente quando a informação e as notícias são pesquisadas online? A expressão ‘fake news’ (notícias falsas) está a tornar-se cada vez mais popular, e é difícil filtrar todas as fontes online para encontrar o que é verdadeiro. O objetivo deste WebQuest é ajudar os formandos a desenvolver as suas capacidades de pensamento crítico para que possam aplicá-lo à crítica dos conteúdos da comunicação social.
Tarefa
Para ajudar a desenvolver as vossas capacidades de pensamento crítico, será preciso que trabalhem enquanto parte de uma equipa, e que escolham um tópico da atualidade relacionado com as Relações Internacionais na América Latina. Em grupos de 3 ou 4 pessoas, podem focar-se, por exemplo, no problema da imigração ilegal para os E.U.A., a possível muralha que Trump quer construir entre o México e os E.U.A., a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil, a crise humanitária/democrática em países como a Venezuela ou Cuba, ou outra notícia que interesse o grupo. Assim que o tópico noticioso tenha sido identificado, tu e o teu grupo terão de encontrar um artigo ou vídeo que fale sobre essa notícia em seis dos canais noticiosos seguintes:

  • SIC Notícias
  • RTP3
  • TVI24
  • CMTV
  • Euronews
  • Fox News
  • BBC World News
  • CNN
  • Sky News
  • Aljazeera

Em grupo, terão de rever estas reportagens. Depois de terem revisto todos os canais noticiosos, o teu grupo terá de fazer uma lista do que é semelhante e diferente em cada um deles. Através de uma discussão com os teus colegas, terão de identificar que agente noticioso é o mais credível, e qual acham ser ‘fake news’.  Terão depois de identificar quais as diferentes ‘agendas’ políticas de cada um dos canais, que fontes foram usadas e se acreditam nelas. Após completarem estas tarefas, e ao reverem tudo o que leram e viram dos vários agentes noticiosos, terão de, em grupo, escrever um pequeno resumo desta notícia, enfatizando o que acham que realmente aconteceu. No fim, terão de apresentar isto aos outros grupos da turma.
Processo
Passo 1: O que são ‘fake news’?

‘Fake news’ é um termo que entrou no domínio público durante a campanha presidencial dos EUA de 2016. Foi cunhada pelo agora presidente Donald Trump para descrever a maneira como a influência russa nas eleições estava a ser noticiada pela comunicação social norte-americana. Hoje, ‘fake news’ é uma expressão que serve para tudo, e é usada pela sociedade em geral para descrever imprecisões noticiosas, mas também para desacreditar notícias que possam representar um ponto de vista contrário ao ponto de vista pessoal de um indivíduo ou que vai contra a posição de um partido político. Ainda que haja de facto manipulação dos meios de comunicação, e ainda que o aumento dos media online tenha levado a situações genuínas de ‘fake news’, o termo é agora normalmente usado para desacreditar qualquer notícia ou opinião com a qual as pessoas não concordem. Isto é um desenvolvimento perigoso, porque significa que as pessoas estão a ter visões e opiniões muito estreitas, sem ter os seus pontos de vista desafiados. Para ler mais sobre o fenómeno ‘fake news’, vai à secção “Links Úteis”.

Passo 2: Identificar a ‘agenda’ política

Uma ‘agenda’ política é um objetivo ou razão secreta para fazer algo. Não importa qual o assunto, todos têm uma agenda política: o político que quer votos, o empresário que te quer vender algo, a caridade que quer que apoies a sua causa, todos te querem persuadir a adotar uma maneira de pensar. Até as agências noticiosas têm as suas tendências em questões e eventos, dependendo de quem controla a organização.

Gostaríamos de acreditar que todos os jornalistas são objetivos, mas todos têm uma agenda política e irão usar várias táticas persuasivas para fazer-te chegar à sua maneira de pensar, muitas vezes ativamente enganando o leitor. Ainda que deem os factos da situação, talvez omitam alguns para influenciar a tua perceção dos eventos.

A maior parte das agências noticiosas em qualquer país irá tender para um lado ou outro, ou terá uma posição ‘pró’ ou ‘contra’ sobre um dado tema social ou político. Para teres uma visão precisa dos eventos, precisas de olhar para uma questão a partir de todos os ângulos, em vez de a partir de uma única perspetiva.

O facto de existir agendas políticas na comunicação social é algo tão certo, que até existe uma ‘Teoria do Agendamento’, que tem sido amplamente pesquisada e escrita por investigadores e universidades.

Tendo tudo isto em mente, é importante verificar o autor da fonte. Quem é, qual é a sua experiência no tema, é patrocinado por alguma empresa, organização ou partido político, qual é a sua agenda política? Responder a estas perguntas vai ajudar-te a perceberes as agendas dos diferentes agentes noticiosos nesta atividade.

Passo 3: Técnicas usadas pela Comuincação Social para distorcer as ‘notícias’

Vamos agora falar de algumas técnicas-chave que a comunicação social usa para tentar distorcer a nossa compreensão das notícias. Vê os links seguintes para aprenderes mais sobre estas técnicas:

  • Compreender o que é ‘papaguear’

‘Papaguear’ é quando uma informação é repetida várias vezes levando as pessoas a tomá-la como verdadeira. É importante perceber de onde veio uma informação, visto que a pessoa que a veiculou até pode ser de confiança e respeitável, mas a sua fonte pode não ser.

Hoje em dia, muitas agências noticiosas e canais, principalmente nos EUA, são acusadas de ‘papaguear’. Vê os vídeos na secção “Vídeos”.

  • O que é click-bait?

Os títulos das notícias podem induzir em erro, ou ser sensacionalistas, para atrair os leitores a clicar no link. Isto é conhecido por ‘click-bait’ e está provavelmente espalhado por todo o feed do Facebook. Com o aumento de links ‘click-bait’, é importante investigar toda a história antes de deixarmos que os títulos moldem a nossa maneira de ver o tópico específico; mas também é importante perceber o que é ‘click-bait’ e porque é usado pela publicidade e comunicação social.

Passo 4: Dicas para encontrar fontes credíveis – como distinguir o que é real do que é falso?

Vê o site de onde veio a informação. Há alguma informação sobre quem contribui para esse site? Tem alguma lista de contactos? Qual é a sua missão, ou valores? A informação é atualizada regularmente?

Muitas vezes, o nome do site que produziu a informação pode indicar o quão credível é. Sites como o Mayo clinic e WebMD são conhecidos por fornecerem informação com base em especialistas na área da medicina. Sites que terminem com .edu ou .gov são, muito provavelmente, credíveis e fidedignos. Ao procurar informações factuais e imparciais não confiem em posts de Facebook, blogs, vlogs e outros sites geridos por uma só pessoa, a não ser que tenham a certeza das credenciais do autor e do seu conhecimento sobre o tema.

Artigos, e outro tipo de informação, que tenham fontes académicas associadas são melhores do que os que não têm. Pode confiar-se no rigor das fontes académicas, visto que a informação lá contida é, normalmente, produto de uma investigação objetiva, científica e credível, estando também em causa o bom nome da própria instituição.

Sites como a Wikipedia, a enciclopédia livre, têm fontes anexadas à informação que podem ser consultadas e verificadas, mas é importante ter em mente que o site pode ser editado por qualquer pessoa.

Passo 5: Qual é o veredito?

Agora que já reviram todas as diferentes agências noticiosas, está na hora de, em grupo, se debater a maneira como lidaram com a notícia. Após terem debatido e negociado, ser-vos-á pedido que escrevam um resumo do que pensam que é a verdade sobre o que aconteceu na notícia que escolheram. 

Depois de escreverem o resumo, o grupo irá apresentá-lo aos outros na turma. Na apresentação, irão enfatizar:

  • A notícia que escolheram.
  • A agência noticiosa que acharam ter sido a mais credível, e o porquê da vossa escolha.
  • A agência noticiosa que acharam que tenha espalhado ‘fake news’, e o porquê da vossa escolha.
  • O resumo daquilo que o vosso grupo acha que realmente aconteceu.
Avaliação e Objetivos de Aprendizagem
Após completar este WebQuest, os alunos deverão ser capazes de:

Conhecimentos Aptidões Atitudes
  • Conhecimentos factuais sobre a definição de ‘fake news’
  • Conhecimentos factuais sobre a definição de ‘agenda política’, ‘papaguear’ e ‘click-bait’
  • Conhecimentos factuais sobre a manipulação dos média
  • Conhecimentos básicos sobre como pesquisar fontes noticiosas online
  • Conhecimentos básicos sobre média credíveis e fontes de informação
  • Identificar técnicas comuns usadas pelas agências noticiosas – agenda política, papaguear, click-bait, etc.
  • Usar competências de pensamento crítico para determinar a fonte de um conteúdo dos média
  • Usar competências de pensamento dedutivo para escrever o resumo de uma notícia
  • Pesquisar uma notícia ao longo de várias agências noticiosas
  • Fazer pesquisa online com o intuito de criticar a maneira como a notícia foi veiculada nos média.
  • Aplicar competências de negociação em trabalhos de grupo
  • Usar competências de trabalho de grupo para trabalhar de forma eficaz com os colegas
  • Usar competências de apresentação em grupo para apresentar um resumo à turma.
  • Tornar-se mais ciente de como os conteúdos dos media podem ser manipuladores
  • Questionar a fonte de um conteúdo noticioso
  • Questionar se a agência noticiosa tem uma agenda política
  • Apreciar como a mesma história pode ser apresentada de maneiras diferentes
  • Estar aberto às opiniões e visões dos outros
Conclusão
Quando a revolução tecnológica começou em força, já mais para o fim do séc. XX, a questão da inclusão social era quase sempre uma questão de acesso; a ‘divisão digital’ referia-se, essencialmente, àqueles que tinham acesso à tecnologia e aqueles que não tinham. Com o surgir de diferentes tecnologias e a consequente aparição do smartphone, a versão atualizada da ‘divisão digital’ agora refere-se quase exclusivamente à questão da literacia digital. Embora não haja dúvidas de que hoje as pessoas têm acesso à tecnologia, a pergunta principal é se elas conseguem lidar com, e interpretar, o grande volume de informação e comunicação de forma apropriada?

Vivemos num mundo onde a influência da comunicação social nos indivíduos e na sociedade é sem precedentes, devido à subtileza das redes sociais. As competências de pensamento crítico que permitem aos indivíduos funcionar e participar no mundo digital são agora a medida da literacia e inclusão digital.

Nos tempos em que os jornais e a televisão eram a regra, o jornalismo era um campo muito especializado com um número limitado de pessoas qualificadas, ativamente envolvidas e responsáveis por trazer as notícias mais recentes à nossa atenção. Ainda que os jornalistas e repórteres, e as organizações e editoriais onde trabalhavam, sempre tenham tido a sua subjetividade particular, tendiam a seguir inclinações bem definidas, fossem elas conservadoras ou liberais, capitalistas ou socialistas. Nos média de hoje, digitais e sociais, qualquer um pode ser um ‘jornalista’, qualquer um pode reunir, escrever e distribuir notícias ou outras informações correntes ao público geral. Mas quão rigorosas são as suas versões dos acontecimentos? Por esta razão, é importante desenvolver as nossas competências de pensamento crítico, para que se possa discernir o rigor do que as notícias nos dizem – para que saibamos o que é facto e o que é ficção.